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sábado, 2 de maio de 2009

Capítulo 2 - Quem sabe não dá certo?


Acordei assustado com o toque do meu celular, a TV estava fora do ar, todos os canais estavam com aquelas barras coloridas. Tirei meu celular do carregador, guardei ele na mochila e atendi.
- Alô?
- Rafael, é você? Tá tudo bem? Onde você está? Quero que..
- Calma aí, uma pergunta de cada vez...quem é?
- Sou eu, Marcus
Ótimo, tudo que eu precisava agora era de um sermão do meu padrasto, maravilha!
- Ah...eu tô em casa ainda, já sei o que está acontecendo...e desde quando você se preocupa comigo?
- Não começa garoto, escuta o que eu vou te falar. Vá até o meu frigobar no escritório, empurre ele e você vai achar um cofre atrás. Agora anote o código: 78624225. Você vai encontrar uma pistola 9mm lá e um pouco de dinheiro, pegue tudo e prepare comida, água que você vai precisar ir até o local de resgate...
- Calma aí, ..225...abriu! Nossa quanto dinheiro!
- Moleque, preste atenção, meu celular tá quase sem bateria. Aí não tem área de extração, só tem uma base do exército e pelo o que eu consegui me informar, e ela está localizada na Faculdade perto da casa da sua avó sabe? Vá até lá e procure o gene...
-Alô? Falar com quem? Eu não tô ouvindo!
Acho que a bateria dele acabou. Mas com certeza aquela pistola seria útil, ainda bem que eu gosto muito de jogos de tiro, filmes de ação e conheço bem de algumas armas. Demorei alguns minutos analisando a arma até aprender como manuseá-la. Carreguei os únicos dois pentes que encontrei no cofre, um deles coloquei na arma e o outro no bolso da minha jaqueta, enquanto colocava o resto das balas avulsas em um dos compartimentos da minha mochila. Resolvi não levar nenhum dinheiro, creio que agora ele não tem mais valor nenhum, saques já estavam acontecendo e tinham virado rotina no país e no mundo nas últimas semanas. Me preparei pra sair: pistola na mão, a faca que sobrou era muito ruim, tava cega...procurei nas gavetas do escritório pra ver se tinha alguma coisa útil pra levar. Achei apenas uma faca pequena que tinha até capa, coloquei ela na cintura e ainda tinha um canivete, que guardava na mochila. Estava tudo pronto, agora só faltava eu saber como chegaria na Faculdade perto da casa da minha avó, eu tinha que atravessar a cidade inteira. Sozinho não ia dar eu tinha que procurar por mais sobreviventes...mas onde?
Comecei a sair pela janela do escritório que dava pro quintal, mas foi ai que escutei um rosnado seguido de dois latidos, olhei pra tras e lá estava Bobb. Cara, fui tão burro assim de não perceber que a porta estava toda arrebentada e ele tinha entrado? Afinal, não tinha mais ouvido o barulho das pancadas dele na porta naquela manhã, mas porque ele não me atacara enquanto eu estava dormindo? Será que de alguma forma ele ainda me reconhecia e portanto, não me via como um grande pedaço de carne fresca? Não há tempo para pensar nesse tipo de questão agora. O animal pulou pra me atacar, consegui desviar e corri pro outro lado do cômodo, mirei com a pistola e atirei. Duas vezes. Um tiro acertou as costas dele e o segundo bem no olho, pelo menos aqueles jogos serviram pra alguma coisa: tenho um ótimo reflexo e mira. Pensei em abrir a porta do corredor pra pegar minha lanterna e a faca que eu tinha deixado na noite passada, mas antes, resolvi olhar pela fexadura. Lembra do meu vizinho? Pois é, ele tava vindo em direção da porta, provavelmente atraído pelos tiros e com certeza conseguiria passar pelo buraco que Bobb tinha feito na porta - Como que essa merda entrou tão fácil na minha casa? - Voltei pra janela e pulei, estava um dia bonito: o céu estava claro, ótimo para ir para um clube. Que clube? Tá tudo destruido...algumas casas estavam pegando fogo e havia carros deixados no meio da rua, abertos, lembrei então dos sons que ouvi ontem, enquanto via o programa de segurança na TV: carros passando a mil por hora, pessoas gritando, pedindo ajuda, derrapagens, xingamentos...o cenário caótico estava sendo montado logo ali, do lado de fora da minha casa, não que dentro estivesse diferente.
Fui andando na rua sabendo apenas a direção mas não o caminho a tomar. Achei estranho não ter muitas daquelas criaturas na rua, a maioria estava sentada ou se alimentando de um corpo inerte no chão, dividindo a carne com os urubus. Fui bem discreto e rápido, nenhum me viu por enquanto.
Já passam das 3 horas da tarde e eu resolvi fazer uma parada, entrei numa loja de roupas, que estava com o vidro quebrado e me escondi no provador para comer. Comi meio pacote de Doritos e meia garrafa d'água... eu tinha que economizar, restavam 3 garrafas d'água, 2 pacotes e meio de salgadinho e 1 pacote de bolacha. - Acho que consigo passar uns 2 dias sem precisar de procurar por comida - estava guardando as coisas quando um grito me deixou assustado, levantei e apontei a arma pra frente. Era um grito de mulher, sai do provador, me escondendo atrás dos cabides e das roupas, aproveitei pra pegar um boné pra mim, aquele sol estava de matar. A rua parecia deserta, sai ainda em alerta e fui caminhando...mas quando olhei pra segunda casa depois da loja de roupas, tinha uns 8 infectados tentando abrir a porta do carro, quebrando os vidros e os gritos continuavam - Eu tenho que ajudar - agaxei atrás de outro carro e mirei bem na cabeça deles, comecei a atirar, 7 tiros e só 4 cairam...eu tinha mais 4 tiros pra derrubar outros 4. Resolvi chegar mais perto, um deles me viu e veio em minha direção, 1 tiro no peito mas ele não caiu - Que merda! - o outro foi bem na testa aí sim ele caiu - Ahh então é assim que vocês morrem? - Tinha mais 3 infectados e 2 tiros, derrubei 2 com um tiro cada, no meio da cabeça - HEAD SHOT! - era até divertido, mas a graça acabou quando o último veio pra cima de mim, eles não eram lentos como nos clássicos filmes de mortos-vivos mas eram rápidos - DROGA! - ele me derrubou, eu segurava a cabeça dele pra evitar uma mordida, o bicho era forte mesmo. Era meu fim, minhas forças estavam acabando, se eu tirasse uma mão do rosto dele pra pegar a faca ele ia conseguir me morder, esperei pelo pior mas sem desistir.
-Toma isso seu zumbi filho da mãe! - Era a garota que eu tinha salvo, acertou um pau na cabeça do zumbi, tinha uns pregos na ponta, o infectado morreu.
-Valeu! Valeu mesmo...
-De nada, segura minha mão.. anda levanta!
-Nossa, foi sinistro heim? Mas acho que comecei a pegar o jeito
-Se pegar o jeito quer dizer quase tomar uma mordida, então sim, você tá quase lá! Haha.
-Heh...mas aprendi a atirar hoje né, dá um desconto...o mais próximo que eu cheguei de uma arma foi no paintball. Qual seu nome? Eu sou Rafael, prazer.
-Luna, prazer Rafael...e aí, também tá indo pra faculdade?
-Tô sim...vem cá, tá com sede? - Ofereci uma garrafa de água pra ela.
-Claro que sim! Obrigada - ela virou a garrafa que eu tava tentando economizar, parecia que tinha passado dias sem beber nada. - E então, tem alguma outra arma? Não dá pra eu me proteger com um pedaço de madeira né...
-Toma, pega a faca.
-Vamos juntos até a faculdade, quem sabe não dá certo?
-Combinado, agora cuidado pra não chamar a atenção deles...

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