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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Capítulo 1 - Como tudo começou


Aqui estou eu, atordoado e sem saber pra onde ir, ainda não sei pra onde fugir. Tá passando o mesmo programa em todos os canais: "Programa de segurança". Fica só repetindo, já assisti umas dez vezes e ainda assim não quero acreditar. Vou tentar explicar melhor.
Meu nome é Rafael, tenho 15 anos e moro com meu padrasto. Eu odeio ele porque ele é o assassino da minha mãe, que foi encontrada morta na piscina. Eu vi tudo, eu tinha 12 anos e vi tudo. Mesmo com meu testemunho ele não passou mais do que 4 meses preso em uma cadeia especial. Desde então eu mal falo com ele, ainda bem que ele está de viajem para a Europa, foi a uma reunião de negócios, só porque ele é um empresário, rico e conhecido o desgraçado não ficou preso o tempo que ele merecia.Droga de país. Droga de vida. Droga de seja lá o que for que está acontecendo lá fora.
Sempre esperei que isso acontecesse, sempre quis isso, mas agora que é de verdade eu não quero acreditar. Eu estou impressionado na velocidade de que esse vírus se alastrou. Desde o começo, desde que começou a passar no Jornal Nacional sobre essa "gripe suína" ou "h1n1" eu já sabia que estava tudo muito mal explicado. O vírus chegou muito rápido a America do Sul e o país ficou em estado de alerta, era mesmo um pandemônio. Fecharam as escolas, inclusive a minha, estou de férias desde o começo de junho. Algumas pessoas estavam agindo de maneira esquisita, como meu vizinho que era um cara que saia todas as noites para a balada ou simplesmente ficava do lado de fora conversando com uns amigos. Mas depois que minha cidade ficou em estado de alerta por causa desse maldito vírus eu não vi mais ele, tirando uma vez que o vi pela janela do meu quarto, ele tava no quintal, parecia estar sofrendo uns ataques epiléticos. Fiquei assustado, pensei em ajudar, mas depois ele se levantou e começou a andar lentamente para dentro da casa, seguido de seu cachorro que depois dessa ocasião, também sumiu. Hoje, como de costume eu estava assistindo Corujão, já que eu sofro de insônia é meu programa favorito das madrugadas. Essa noite eu cai no sono, com a tv ligada, acordei assustado com a música do "Plantão da Globo". Cara aquela música me dá calafrios, logo pensei que alguem famoso tinha morrido ou que era só mais alguma notícia do vírus maldito e infelizmente, era a opção 2. A repórter estava morrendo de medo, dava pra ver que ela gaguejava e que não sabia o texto de cor, porque lia tudo que estava escrito em umas 3 folhas que segurava, inclusive em uma que deixou cair mas logo se agaxou e recuperou o papel. Achei bem estranho, isso demonstrava um certo medo ou pressa. Ela estava no estúdio da Globo, acho que fica no Rio de Janeiro certo? Não sei, só sei que ela estava desesperada e falava alguma coisa do tipo: "O vírus h1n1 está se alastrando em uma velocidade inacreditável. Esqueça tudo o que você já leu ou ouviu sobre ele. O vírus h1n1 evoluiu e parece que está transformando a vida de todos no planeta em um caos. Isso não é uma brincadeira, repito: ISTO NÃO É UMA BRINCADEIRA.. - eu já tava ficando até com medo, parecia que eu tava em um daqueles filmes de terror que eu assisti - ..Ouçam com cuidado e repassem a informação para familiares e amigos. Pessoas infectadas com o vírus estão atacando e matando outros seres, como humanos e animais. Caso essa pessoa atacada não seja consumida em sua totalidade, isso quer dizer, se o cérebro da vítima continuar intacto, ela também se tornará um infectado em questão de dias, horas ou segundos, isso depende de cada organismo. Não sabemos muito sobre eles mas estão sempre com fome, procuram carne fresca à todo momento. Se um familiar seu foi mordido, isole-o imediatamente, repito: ISOLE-O IMEDIATAMENTE. Prepare mantimentos, água e procure um lugar seguro para ficar. Isole portas e janelas com madeira ou fita, faça barricadas e aguarde o resgate. Fique atento à TV e o rádio para mais informações. Passaremos uma lista com o nome de todas as cidades, de região para região e o lugar de onde estão os refúgios e para onde estão indo os sobreviventes..."
Eu estava em pé em frente a televisão, boquiaberto. Deixei o controle cair, fazendo com que uma de suas pilhas fosse parar embaixo da minha cama. Fazia alguns dias que eu não saia de casa, era férias e tudo o que eu fazia para passar o tempo era basicamente passar horas na frente do computador ou da televisão e tentar dormir. Não é possível que tudo aquilo aconteceu de um dia para o outro, não é possível que tudo está perdido.
Peguei minha mochila da escola, esvaziei ela fui até a cozinha e comecei a colocar salgadinhos, bolacha, garrafas de água e qualquer coisa que poderia ser útil: duas lanternas, pilhas e um canivete. Comigo iam 2 facas, um isqueiro e meu celular, que também servia como rádio. O telefone da minha casa estava mudo e meu celular quase sem bateria, mesmo assim não tinha muito pra quem eu ligar, resolvi deixar ele carregando mas o carregador estava bem longe da cozinha: estava no escritório do meu padrasto. Resolvi ir até lá, empunhei a faca mesmo sabendo que as chances de alguem ou alguma coisa ter entrado em casa seriam quase nulas mas é melhor prevenir não é? Já estava quase perto do escritório que era no fim do corredor, faltava só passar pelo qarto de hóspedes e pelo banheiro. Mas eu estava ouvindo um ruído vindo do segundo cômodo à esquerda. Não vou mentir, eu praticamente paralisei, um frio subiu na minha espinha e senti uma gota de suor escorrendo do lado direito do meu rosto. Tudo aquilo era muito diferente dos jogos e filmes que eu estava acostumado: Era real, o perigo era real, mas de qualquer maneira eu tinha que passar pelo quarto pra chegar no escritório. Segurei a faca com força, peguei a lanterna na mochila, evitando acender a luz do corredor, o que poderia chamar atenção de algum desses seres que provavelmente, estavam rondando o quarteirão e apontei para o quarto escuro do meu lado direito, fui andando com cautela e o ruído se tornava cada vez mais alto e assustador. Quando finalmente fiquei de frente com o quarto, um alívio: estava vazio. "Cara, que nóia!" continuei andando em direção ao fim do corredor, mas depois de passar o banheiro alguma coisa pulou em mim: Era meu mascote, meu único amigo naquela casa: Bobb, o beagle mais esperto de todos, já ganhei prêmios naquelas competições de cachorro, ele até já tinha participado de algumas propagandas comerciais da TV local...mas ele estava diferente, alguma coisa tinha acontecido: fora infectado. Seus olhos estavam negros, seus caninos saiam da boca, eram desproporcionais ao seu tamanho, parecia um tigre-dentes-de-sabre em miniatura. As costas dele estava completamente dilacerada, com certeza fora atacado essa noite, enquanto eu ficava no meu quarto assistindo TV, devo ter esquecido a porta do quintal aberta essa noite. Droga!
Ele tentava me morder, faminto, minha única reação foi colocar a lanterna na boca dele e tentar matá-lo com minha faca, mas ela estava longe, acabei soltando ela para me proteger na queda. só consegui empurrá-lo e correr para o escritório, fechei a porta e coloquei a mesa contra ela - Estou salvo - procurei entender o que tinha acabado de acontecer, mas tudo estava confuso, procurava por alguma ferida no meu corpo e felizmente eu estava inteiro...Bobb estava mesmo diferente, a força dele era impressionante, quase não consegui segurá-lo. Imagina como deve ser com os humanos infectados? Estava tudo ficando pior mas agora preciso encontrar o carregador e tentar encontrar algum lugar para ir, liguei a TV e estou esperando até agora passar o nome da minha cidade e onde está a base do exército e quais os lugares de resgate. Perdi uma faca e uma lanterna, creio que não vou poder passar pelo corredor novamente, Bobb continua batendo sua cabeça contra a porta e tentando arrebentá-la, mas a mesa dará conta de segurar a fúria daquele animal. Eu estou muito cansado, não sei se o nome da minha cidade irá aparecer na tela, pelo menos não pelas próximas horas, acho que vou tirar um cochilo.

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